Eu queria ter gostado da matemática, queria ter amado a física desde cedo, estar tão íntimo do raciocínio lógico de nível científico quanto amantes em amor.
Permitir-me-ia desistir de entender as pessoas, de estudar os assuntos
humanos, de fazer conjunturas sobre doutrinas velhas a fim de tornar a justiça dos
homens mais justa e moderna, menos colunas gregas e mais povo nos tribunais, mais
realidade e razoabilidade nas sentenças. A interpretação dos princípios morais,
ou constitucionais de direito quais sejam estão em constante mudança, e assim
que seja. As teorias da psique, que
hoje em dia é em toda - ou quase isto - freudiana, aparece por muitas vezes como algo mais surreal que a própria loucura, que o diga a lobotomia. Desisto.
Quero entender o universo, que apesar de infinito nos traz mais respostas que a
análise de outro ser humano. Entender a nós mesmos já
não é nada fácil. Estrelas apenas nascem e morrem, não desejam amor, dinheiro ou felicidade.
Desejaria remedir a distância de todas as constelações em relação as pirâmides de Gizé, apenas para brincar, apenas para lançar
teorias e reforçar conspirações ufologistas e rir disto no intervalo do almoço
com meus amigos cientistas. Eu apenas teria amigos cientistas. Quero derrubar o Big
Bang, apesar de caduco; dizer a data exata da explosão do sol no futuro, para que comecem
a serem vendidos os ingressos e camarotes hereditários para o esperado dia da extinção humana; chegar ao ponto de
compreender e explicar claramente a Teoria das Cordas, trabalhar no LHC,
dominar a Física Quântica, provar que existem partículas mais rápidas que a
velocidade da luz, e depois levar flores ao túmulo do grande Einstein, para me
desculpar por ter destruído toda a base da Física moderna; ter um emprego na
famosa agência espacial americana, ou em uma agência espacial russa qualquer, desde
que astronauta fosse, viajar ao espaço ainda que em órbita baixa, nem que seja
para reabastecer a despensa da Estação Espacial Internacional; decorar todas as
nomenclaturas relacionadas aos quarks, descobrir planetas e sistemas assim como
as antigas nações supremas dos mares descobriram um novo mundo. Talvez, ser apenas
um singelo cosmologista, que ensina em uma modesta universidade três dias na
semana, e nos outros dois é professor voluntário de ciências em uma escola
pública.
As miudezas
das relações interpessoais – de Aristóteles ou Bush, só estariam
presentes aos feriados, em romances dostoievskianos, em uma novela de Kafka ao meio dia, ou em um poema de Pessoa ao dormir. Neruda ao vinho, Beccaria para passar o tempo, e Coppola nas noites de insônia. Contudo, percebo que o homem e sua história
são tão profundos quanto qualquer buraco negro que eu venha a constatar, ambos
podem nos levar a outro lugar, assim como um deles nos levaria à uma
imensa distância em um ínfimo prazo de tempo, o estudo da história poderá adiantar
o futuro sem que preciso seja a espera de um século, apenas lembrando do passado. Entre homens e estrelas, confuso, eu escolho descobrir.
Entre homens e estrelas ,sim, descobrir, mas não descobrir por primeiro sobre estas e seus infinitos, por mais fantásticas e sublimes que nos pareçam. Descobrir nos homens, descobrir em nós, descobrir em mim aquilo que a morte de uma estrela nunca conseguirá obscurecer - e tem sabor, tem cheiro, tem cor! Enquanto seu brilho, seus cálculos e suas teorias vão-se com a estrela não mais reluzente, o universo do ser humano não se permite esvair. Apenas sinta.
ResponderExcluirBeijos meu amor! Belo texto. ♥